quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Isso não é uma carta, vadia!



Quando peguei o papel para escrever, me deu enjoo. Odeio escrever. Odeio escrever para você. E só estou fazendo isso agora, porque é o único artifício civilizado que sou capaz de lançar mão, antes de partir sua cara.
QUANDO VAI CANSAR de dizer que tenho feito você engolir coisas demais? As coisas duras e amargas, bem acomodadas aí dentro são da sua coleção particular, mais velhas que o Papa e habitam aí, mesmo antes de minha recente existência.
Cogitar regurgitá-las é mexer demais com merda bem acomodada, não é? Aí coloca a culpa de TUDO em mim? Culpa é coisa de gente católica! Você vive dizendo isso! Por que não se livra da sua e me deixa em paz?
Sei que não é corajosa o bastante para se livrar da raiva que você diz querer se livrar. Sei que não quer tirá-la de si! À quem quer enganar? É dela que se alimenta, é com ela que exibe sua eloquência, foi ela que me pariu, sua puta!
Já me fez fugir por esgotos, roubar carros, explodir caixas d’água. Agora que quer se amansar e não sabe o que fazer comigo, pensa que qualquer tapete vai me esconder? Que merda é essa de meditação?????
Não vou ficar esperando você criar vergonha na cara. Já fugi do armário e te botei em liberdade assistida. Tá avisada sobre quem manda aqui. Você ainda não sangrou o suficiente para o meu parco gosto pelo azedo de você.
Não quero que me responda, nem que me dê satisfações.
Não esperarei pacientemente por retaliações, porque sei que no seu caso, elas veem à cavalo. E isso é o que me conforta, se é que posso usar essa palavra sem ser mal entendida. Não sou almofadinha, para querer o conforto dos seus amiguinhos com dramas classe média. Quero é montar esse cavalo que vai te atropelar e te acertar com um taco cheio de pregos pra ver se volta pro flagelo nosso de cada dia.


Matilde

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