Quando peguei o papel para escrever, me deu enjoo. Odeio
escrever. Odeio escrever para você. E só estou fazendo isso agora, porque é o
único artifício civilizado que sou capaz de lançar mão, antes de partir sua
cara.
QUANDO VAI CANSAR de dizer que tenho feito você engolir
coisas demais? As coisas duras e amargas, bem acomodadas aí dentro são da sua
coleção particular, mais velhas que o Papa e habitam aí, mesmo antes de
minha recente existência.
Cogitar regurgitá-las é mexer demais com merda bem
acomodada, não é? Aí coloca a culpa de TUDO em mim? Culpa é coisa de gente
católica! Você vive dizendo isso! Por que não se livra da sua e me deixa em
paz?
Sei que não é corajosa o bastante para se livrar da raiva
que você diz querer se livrar. Sei que não quer tirá-la de si! À quem quer
enganar? É dela que se alimenta, é com ela que exibe sua eloquência, foi ela
que me pariu, sua puta!
Já me fez fugir por esgotos, roubar carros, explodir caixas
d’água. Agora que quer se amansar e não sabe o que fazer comigo, pensa que
qualquer tapete vai me esconder? Que merda é essa de meditação?????
Não vou ficar esperando você criar vergonha na cara. Já fugi
do armário e te botei em liberdade assistida. Tá avisada sobre quem manda aqui.
Você ainda não sangrou o suficiente para o meu parco gosto pelo azedo de você.
Não quero que me responda, nem que me dê satisfações.
Não esperarei pacientemente por retaliações, porque sei que
no seu caso, elas veem à cavalo. E isso é o que me conforta, se é que posso
usar essa palavra sem ser mal entendida. Não sou almofadinha, para querer o
conforto dos seus amiguinhos com dramas classe média. Quero é montar esse
cavalo que vai te atropelar e te acertar com um taco cheio de pregos pra ver se
volta pro flagelo nosso de cada dia.
Matilde
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