Estava sentada na muretinha que separa o canteiro da calçada. Ali esperando o Term. Pq Dom Pedro para ir até a São Judas pagar a tão esperada ÚLTIMA parcela do acordo. É Seu Judas, seu mercenário! Tá acabando!
Nunca tinha reparado que eram lírios que estavam plantados ali. E bem amerelos, bonitos e dançantes. Tudo bem, menos. Eram lírios.
Tinha um moço cuidando da terra, tirando as plantinhas mortas, um primor de trabalho e concentração. Olhando ele fazer aquilo, fui para longe...para adiante sem prestar muita atenção em qualquer outra coisa. Inclusive nele.
-Que foi moça, perdeu alguma coisa?
Como eu estava muito mergulhada no que estava pensando, não dei muita importância ao tom da pergunta. Só olhei para cara dele e fiz que não com a cabeça.
-Tem um monte de dondoca que pára aí e fica olhando maravilhada. Não sabe o trabalho que dá. Queria ver sair de cima do salto e enfiar as pernocas na terra.
Certo meu amigo, não precisa mais de um minuto para me tirar do meu fantástico mundo e me trazer para a porcaria da sua realidade com os pés no chão.
-E você? Como ia fazer para tirar seus pés enfiados daí da terra e meter num salto? Como ia fazer para sair dessa sua postura enganadora de cuidador de flores e trocar suas ferraduras por saltos finos e delicados?
Dei sinal para o ônibus e fui embora. Peguei o ônibus errado e tive que pagar uma condução a mais porque perdi a integração. Olhei para trás. A cara dele era amassada. Feia muito, feia.
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