terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Às vezes a vida volta

Todo dia eu penso num motivo novo para escrever. Mas não escrevo, não faço rascunho e assim vou me entupindo, me intoxicando de minhas próprias idéias, com desenhos de balanços inacabados em testes psicoténicos, ódio contra a imprensa e a carnificina deles de cada dia, a política imbecil desse país. Eu não andava muito a fim de escrever por aqui também, porque andava num todo caótico e não queria partilhar com ninguém não. Outro dia eu quis escrever sobre o Rogério Ceni. Ele é um bom assunto, para as minhas vontades escapistas. Mas falar sobre ele ia me levar a falar mal da imprensa que o idealizou e ela mesma fica querendo derrubá-lo...Já estou falando sobre o assunto.
Nesse minuto o que me motivou mesmo a começar a digitar, foi ouvir o pedreiro da casa daquela irmã do pai que está sendo acusado de matar a filha. Ele disse que os filhos não querem mais falar com ele. E bem que eu poderia ter começado a falar sobre o "Ícaro" que assisti ontem, mas o pedreiro tava chorando. Chorando porque armaram esse circo, em cima de um caso que elegeram para ser o espetáculo da vez, e agora todo mundo envolvido é perseguindo, tem suas falas distorcidas... "O caso que está intrigando o Brasil". Uma vez eu fiquei muito intrigada para saber quem foi que matou, um moço que apareceu boiando num córrego aqui perto de casa. Mas a Globo, a Record, os jornalistas internacionais nem vieram aqui em casa me entrevistar para perguntar se eu vi alguma coisa. A polícia não mobilizou helicópteros e viaturas para procurar o assassino. Quando eu tava no 1º ano do Ensino Médio, mataram o Fabinho, um cabeludo lá do MOCAM, e ninguém fez reportagens de 3 horas ao vivo na tv, pra falar que deram 5 tiros pelas costas dele por causa de uma briga que ele foi separar.

E eu queria muito que a TV fosse lá entrevistar o Daniele, do "Ícaro" que eu vi ontem. Já está mais que provado que apesar do nome, eu não tenho complexo de Pollyanna, mas eu acho que as pessoas deveriam ver coisas boas, para parar de alimentar desgraça. Não sou a pessoa mais otimista do mundo e ando bem desanimada com o que se diz ser meu provável futuro, objetivo, perspectivas. Mas me dói muito ver as pessoas despejando suas dores em dores alheias e se esquecendo das suas próprias. Se esquecendo de viver suas impossibilidades e possíveis alternativas.
"Ícaro" é simples. "Teatro do Carinho", estava escrito no programa. E por que não denominar todos assim? Nessa vontade louca de rotular, tem o Teatro do Absurdo, da Crueldade, do Invisível...Nesses outros não tem carinho?
A "classe" em peso estava lá. Infelizmente só eles andam por esses lugares, porque os lugares que pagam bem para se fazer teatro, não estão onde o povo está. Mas o Daniele estava lá, em sua simplicidade e graças a ela, com certeza ele pegou uma pessoa leiga nas coisas que se dizem de teatro, mas ao mesmo tempo uma pessoa aberta para a vida.Que já está de bom tamanho para se fazer qualquer coisa. Quem sabe os que estiveram lá ontem, e estão em ano de tcc ou não, aprendam que jogar, estar disponível, tirar o julgador (e toda esse blá blá blá que fizeram de frases até bonitas, mas enjoativas de tanta repetição vazia) é muito mais simples do que eles fazem parecer.
O Daniele vai ficar para sempre aqui comigo, no lado mais carinhoso que posso encontrar aqui em mim, junto com as pessoas que escolhi e descobri gostar. Com certeza essa semana eu vou escutar um monte de abobrinhas analíticas, mas elas serão carinhosamente absorvidas também. E carinhosamente devolvidas. Que os analistas-da-classe todos tomem em seus excelentíssimos cus!
A foto do Dr. House-meu-ídolo é porque eu não quis colocar nenhuma foto do Ícaro. Queria alguma coisa que representasse o rigor. Com uma pitada de ironia.
Então, entre a sede de carinho e o de rigor, chega de escrever. E que todos os textos daqui pra frente sejam assim: vomitados. Amém


E a desistência é boa. Eis que se assume o vazio.

*
*
Texto publicado no meu fotolog em 13/04/2008 e que estou publicando aqui pela falta do que escrever e porque estou me dando um fôlego. Tudo o que está escrito aí bem que poderia ser substituído pelas notícias de hoje do Jornal Nacional, mas o "Ícaro" não substituíria por nada. E o meu vômito, pode substituir pela indiferença.
Desisti de desistir. Voltei para faculdade.
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"Existir exigia de mim o enorme esforço de viver. Desisto. E eis que na mão fraca o mundo cai" C.L - "A paixão..."

4 comentários:

UtópicA disse...

AMO voce, garota!

Flora Ramos disse...

Bom saber que está viva.

Anônimo disse...

Opa.
Bom texto.
Desculpe a "invasão".

LM

Bill Falcão disse...

Mandando ver com vontade, né, Polly?
Bjooooooooooo!!!!!!!!