quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Sonhei que o vento me levava...

...e desejei feliz dias novos a vocês. Não a todos, porque umas das melhores coisas que descobri nos dias velhos que se foram recentemente, foi a profundeza que meu ódio pode atingir. Então, para alguns que sequer me leem, ou me veem, desejei o nada absoluto.
Todos os dias antes de passarem eram novos também; mas quando o ano muda na folha do calendário, tem um peso maior que vem de algo mais pesado; as décadas, os séculos, os milhares de anos que nos separam do que não dá para entender. Se não faz diferença para você, te digo com toda a sinceridade que para mim também nunca fez. Quando pequena, uma dor de cabeça sem motivo me deixava de cama e com febre. Sempre acharam que era porque eu comia demais e até poderia ser. Mas no fundo era porque não me importava e queria dormir enquanto todos festejavam a chegada de um ano novo que era só o despertar de um novo dia.
De uns anos para cá, deixei de sentir a dor. Comecei a beber mais, festejar mais, rir mais com gente da família por perto e mais e mais...Não só nas “viradas” mas durante todo o ano. Se para algum de vocês o Natal e o Ano Novo são só convenções, se para os católicos mais fervorosos, o Natal virou festa pagã e o Ano Novo, motivo de paulista se enfiar as pencas nos shoppings (como se precisasse de alguma outra desculpa), digo que concordo. Mas ao invés de me juntar ao coro dos descontentes, fiz como qualquer outro dia com a minha família. Porque se para você, família é uma instituição hipócrita ou falida, ou ou ou... e em almoço de domingo só se vai para fazer média, fiz da farra um resgate. Um resgate histórico de partes que foram se perdendo e sequer conheci quem as fez despencar. Vesti um vestido roxo, o melhor que encontrei e retomei o tecer dos dias que estão por vir. Porque é possível resgatar algumas coisas, mas outras só podem ser criadas; algumas recriadas, mas é do novo que elas precisam para a combustão.
Já dei o melhor e o pior de mim. Agora estou no balançar calmo de um barquinho desconhecido. Sabe quando se bate o dedo no cantinho do sofá, uma dor absurda te faz falar um milhão de palavrões e depois de uns minutos um alívio dormente toma conta do dedinho e do corpo todo porque a dor não está mais ali?
A ex dor.

3 comentários:

Kaká Bullon disse...

"Já dei o melhor e o pior de mim. Agora estou no balançar calmo de um barquinho desconhecido."

ATORON vc!!!
Vou guardar essa frase para usar num momento oportuno e especial da minha vida.

Quem tem a sorte de viver na mesma geração de um de seus "filósofos" preferidos? Isso é muito raro.

Anônimo disse...

"Sabe quando se bate o dedo no cantinho do sofá, uma dor absurda te faz falar um milhão de palavrões e depois de uns minutos um alívio dormente toma conta do dedinho e do corpo todo porque a dor não está mais ali?"

Aposto que 2009 vai trazer isso pra mim também! :)

Anônimo disse...

passou este verão
outros passarão
eu passo