terça-feira, 22 de maio de 2012

O índio velho na calçada da Avenida Mateo Bei. Ele me chamou dizendo que precisava ler umas coisas pra mim.

Seu livro era uma banquinha preta, cheia de pedras brancas. Pedras de todos os tamanhos, enfileiradas. Um alfabeto. Dele.

Passava as mãos por cima das pedras.

- O seu homem está tendo o segundo filho. E o seu filho também está por vir.

O índio leu na minha testa sem pedra branca, que eu não tava entendendo nada daquela história de "seu homem".

- Ele está na Áustria. Vocês vão se conhecer ano que vem.


- E o senhor acha que vou até a Áustria por causa de um homem?


- Não. Você vai trabalhar lá.

Com outra interrogaçãona testa, resolvi não prolongar o assunto.

- Quanto te devo Sêo Indio?


- Um real tá bom!

A intenção não era pagar. Perguntei por perguntar! Não tinhaum real no bolso. Corri até a mochila que tinha deixado encostada na frente da porta do boteco, ao lado da Igreja REnascer azul e comecei a caçar dentro da carteira. Só tinham fotocópias de notasde vinte reais.
As pessoas dentro do bar, vendo meu constrangimento, começaram a rir. Riam muito.

Notas falsas!

Só que meu constragimento não virou desespero. E à medida em que fui procurando moedas no fundo da carteira, ela ia aumentando de tamanho e no fundo dela apareciam muitas, mas muitas notas de todos os Reais possíveis.

Mas era segredo meu.

Saquei duas notas de cinco e corri até a banca. No lugar do índio, seus aprendizes faziam uma dança esquisita.

- Pode ir moça. Ele entrou no templo.

- Mas eu trouxe o dinheiro!

- Ele não precisa.
 

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