terça-feira, 7 de julho de 2015

Amor de muito

Sua obsessão é porque não está onde gostaria de estar. Está tão doente, que se estivesse onde agora pensa que gostaria, com certeza estaria pensando que seria melhor estar em outro lugar.

Seu peso aumenta.
Suas dores aumentam.
Mas o problema é o fundamentalismo religioso
Sua paranoia com sexo aumenta
Ela não dá pra você?
Não é porque ela não te quer
É porque você não quer
Mas o problema está naquela senhora da fila que esquece o cartão toda vez que você está atrás dela no mercado

Você é tão descolado, tem tantos títulos, mas como todo bom egoísta não dá os créditos no final.
Não sabe nada de silêncio, porque suas mãos e mente ruidosas não param de clicar procurando um sinalzinho de você mesmo onde você sabe muito bem que não é mais bem vindo.

O seu castelo tá pequeno demais?
Por isso quer sair?
Tá grande demais?
Por isso essa miséria e solidão?
Teorizando tanto sobre pessoas e animais, ainda não achou o que queria?
Vai procurar até quando?

Para minha paranóia, já procurei as terapias recomendadas. Para minha falta de tragédia, já deixei para os gregos a parte que lhe cabem dessa grande arte. Para minha falta de vergonha na cara, já deixei pra trás assumidamente, tudo o que não quero mais para mim.

Não sou grata e nem reclamo.

E não quero mais entender porque uma pessoa que deixa claro uma coisa que não quer mais, é chamada de sacana e egoísta.
Não preciso mais entender, porque não quero ser piedosa e nem ter amigos eternos.

"É no não que se descobre de verdade, o que te sobra além das coisas casuais"
Será?
Nunca ouvi um não de verdade! Nunca! Sempre me deixaram no talvez. e nesse talvez construí muitas possibilidades, que nunca se concretizaram. E aí gritarão lá do fundo: Mas você já ouviu muito SIM!
NÃO! Os pretensiosos que acham que o que estavam me dizendo era um grande sim de amor sem fim, estavam na verdade com o "talvez" no canto da boca, no fundo do coração, ressabiados, disfarçados de "sim", para caso as coisas não dessem certo, pudessem ocupar seus lindos pedestais de vítimas. E aceitei tudo, como boa católica capuchinha.

Não é felicidade o que estou sentindo. E nem uma coisa sem nome. O que estou sentindo é uma coisa inteira, completa, sem passado,sem dívidas. O que estou sentindo está aqui e agora.
Sou eu. Estou eu no fundo de mim e não cabe mais ninguém. Nenhum fantasma, nenhum anônimo, nenhum homem nem mesmo mulher sem rosto, sem voz, sem coragem. Nenhum jogo. Uma das coisas mais lindas que me disseram foi que "coragem" é agir com o coração. É com ele que estou aqui no fundo. Repousada em mim mesma. E isso não é uma bula, nem uma fórmula. Isso é uma declaração de estado civil, de estado irremediável do meu ser, que sempre foi alheio e esteve as voltas com migalhas que eu mesma me propus e fui catando. Aqui onde estou não existe talvez. Aqui as coisas são. O que não é, não existe, então não pode ser sentido e nem tocado. Por isso não está.

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