
Estava procurando alguma coisa sobre o sistema auditivo dos bovinos. Mas não encontrei, ou melhor dizendo, a pesquisa foi frouxa mesmo. Queria saber mais sobre vacas surdas, ou se as saudáveis ouvem bem, em relação ao que ouvem os humanos pelo menos. Me lembro que o Socleson disse uma vez, que os bois ficam a favor do vento para ouvirem as coisas. Suponho que, com suas técnicas eles consigam ouvir melhor que eu. E mastigar as coisas certas e por muito tempo também
Fui ao Shopping Tatuapé, pagar a fatura de umas compras. A fila estava imensa e faminta que estava, decidi ir à praça de alimentação me enganando de que não comeria nada de mais. Restaurantezinho de comida mineira. Um pouquinho de cada coisa e a pimentinha doce. Aquelas bolinhas tão vermelhinhas, feito cerejas estavam ali. Peguei todas que pude. Sentei dei a primeira garfada e na segunda mastiguei a primeira bolotinha com mais atenção. Posso dizer que fiquei inconsciente por dois segundos, que achei que ia ter insuficiência respiratória em seguida e que nunca mais sentiria o sabor de nada na vida além daquele fogaréu que se fazia na minha boca, no meu esôfago, no meu estômago e na minha tão sóbria alma. Olhei para frente e tinha um segurança. Mas ele vai rir de mim se eu pedir ajuda. Ah o orgulho!"Tão bonitinha, mas uma imbecil, não percebeu que não era tão parecida com uma cereja mocinha, ela tem um rabinho, olha aqui". Me acalmei, mastigava a comida e engolia o refrigerante com tanta vontade que quem me observasse com atenção, veria alguém que ficou amarrada trinta dias sem comida. Enquanto isso, olhava aquelas sementinhas que não tem dentro da pimenta doce, mas naquela ali tinha.tinha.tinha. Ao final da refeição, que poderia ter sido uma das piores da vida se a mastigação da pimenta não tivesse sido no início e sim ao final, segui para o caixa da loja para pagar a fatura. Do caminho para casa não lembro muito bem, cochilei muito. Mas na hora de descer...Poderia ficar ali mesmo no aconchego da Volare balancenta, que seria muito feliz. Frio. O pensamento, descendo a rua que me faz chegar à viela, era só o de chegar, chegar, chegar e ver meu cachorro. Por que teimo em usar esse sapato sem meias? pé congelando. Que bom que a mãe fez esse cachecol. "Vaca". Olho para trás e sei que foi o menino que puxava o carrinho quem disse, porque o homem que vinha há uns dez passos de distância não teria aquela voz infanto-juvenil-delinquente. Olho para frente e continuo. "Que absurdo né moça?" Absurdo? Não, não sei de absurdo nenhum fora o de demorar tanto para chegar em casa, eu acho. "Você não ouviu? Foi pra você. Ele te pediu dinheiro pra comprar pão, você não respondeu...". Ah. Vontade de dizer que eu não escutava bem, nasci assim moço. Meio surda desde pequenininha. Mas fiquei calada, xingando a mãe do garoto internamente, pensando milhares de respostas que poderia dar no calor do momento, se não tivesse tanto pensamento vagando para distrair do frio. Em casa meu pai me disse, que já repetiu milhares de vezes que não era para eu passar por ali e minha mãe fez recomendações para não passar mesmo por causa dos assaltos. Mas ainda que surda e sem paladar, não posso me fingir de cega.
Fui ao Shopping Tatuapé, pagar a fatura de umas compras. A fila estava imensa e faminta que estava, decidi ir à praça de alimentação me enganando de que não comeria nada de mais. Restaurantezinho de comida mineira. Um pouquinho de cada coisa e a pimentinha doce. Aquelas bolinhas tão vermelhinhas, feito cerejas estavam ali. Peguei todas que pude. Sentei dei a primeira garfada e na segunda mastiguei a primeira bolotinha com mais atenção. Posso dizer que fiquei inconsciente por dois segundos, que achei que ia ter insuficiência respiratória em seguida e que nunca mais sentiria o sabor de nada na vida além daquele fogaréu que se fazia na minha boca, no meu esôfago, no meu estômago e na minha tão sóbria alma. Olhei para frente e tinha um segurança. Mas ele vai rir de mim se eu pedir ajuda. Ah o orgulho!"Tão bonitinha, mas uma imbecil, não percebeu que não era tão parecida com uma cereja mocinha, ela tem um rabinho, olha aqui". Me acalmei, mastigava a comida e engolia o refrigerante com tanta vontade que quem me observasse com atenção, veria alguém que ficou amarrada trinta dias sem comida. Enquanto isso, olhava aquelas sementinhas que não tem dentro da pimenta doce, mas naquela ali tinha.tinha.tinha. Ao final da refeição, que poderia ter sido uma das piores da vida se a mastigação da pimenta não tivesse sido no início e sim ao final, segui para o caixa da loja para pagar a fatura. Do caminho para casa não lembro muito bem, cochilei muito. Mas na hora de descer...Poderia ficar ali mesmo no aconchego da Volare balancenta, que seria muito feliz. Frio. O pensamento, descendo a rua que me faz chegar à viela, era só o de chegar, chegar, chegar e ver meu cachorro. Por que teimo em usar esse sapato sem meias? pé congelando. Que bom que a mãe fez esse cachecol. "Vaca". Olho para trás e sei que foi o menino que puxava o carrinho quem disse, porque o homem que vinha há uns dez passos de distância não teria aquela voz infanto-juvenil-delinquente. Olho para frente e continuo. "Que absurdo né moça?" Absurdo? Não, não sei de absurdo nenhum fora o de demorar tanto para chegar em casa, eu acho. "Você não ouviu? Foi pra você. Ele te pediu dinheiro pra comprar pão, você não respondeu...". Ah. Vontade de dizer que eu não escutava bem, nasci assim moço. Meio surda desde pequenininha. Mas fiquei calada, xingando a mãe do garoto internamente, pensando milhares de respostas que poderia dar no calor do momento, se não tivesse tanto pensamento vagando para distrair do frio. Em casa meu pai me disse, que já repetiu milhares de vezes que não era para eu passar por ali e minha mãe fez recomendações para não passar mesmo por causa dos assaltos. Mas ainda que surda e sem paladar, não posso me fingir de cega.
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