terça-feira, 3 de junho de 2008

Terrorismo nosso de cada pensamento

Acontece que no dia que a Fabiana me contou a história do coreano, não fiz a baldeação na Sé sentido Corinthians-Itaquera. Preferi, como tenho preferido nos ultimos dias, pegar um ônibus do outro lado da praça, sentido qualquer lugar que me leve para casa. Os constantes avisos dos funcionários do metrôpara que as pessoas não permaneçam nas portas, irritam mais que a quantidade absurda de pessoas na plataforma...e nas portas. Na caminhada até o ponto, fiquei pensando, o que tenho pensado algumas vezes depois de ter sido assaltada pela segunda vez, em março; como eu reagiria a um provável novo assalto? "Assalto?". E ficaria olhando interrogativa para o assaltante, fingindo ser uma extraterrestre, recém chegada a esta vida. Poderia assim despertar mais raiva no assaltante que estouraria meus miolos com sua quadradinha, ou ainda e esperançosa me permito ser, causaria algum espanto, curiosidade e até piedade, por que não? "Essa aí não bate bem". Mas a idéia que mais me agradou e até utilizei a calçada em que caminhava como pano de fundo, foi a de contra-atacar com a ameaça de um ataque terrorista. "Assalto é seu pé de chinelo? Pois estou aqui por uma causa mais nobre que a sua e essa bolsa aí está programada para explodir quando for aberta". O assaltante ali parado, tenso, pronto para enfiar a faca no meu pescoço caso não parasse com a gracinha. "Gracinha é seu mané? Experimenta abrir a bolsa então! Ela está destinada para a o Ministério da Fazenda, ali mais embaixo, mas se você quiser adiantar meu servicinho pode abrir por aqui mesmo." Como ele não veio à esta vida aqui a passeio, feito o cara que procurava o coreano, colocou as mãos no bolso, touca na orelha e se poupou para assaltos mais produtivos. Dei sinal para o Terminal Vila Formossa, elétrico, lento e enjoativo que se aproximava. Pronta para o acaso, como uma recém chegada a esta vida.

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