Não sei se viu, não sei se não viu.
Devia estar, segundo meu pai, “bebendo água aqui perto”.
“E alguém sabe explicar como é que forma as cores”. De forma, não entendo. Nem de ser. “Lá na roça a gente andava o dia inteirinho pra tentar entrar no arco-íris”. Não ando o dia inteiro mas o que ando do dia, perdeu cor, perdeu forma. É um circulo que não é mais uma aliança com a vida; é um vício.
E talvez eu não saiba escrever sobre isso. Ao escrever é como se assumisse que uma camada está se desvelando e expondo o que escondo de mim. Ao assumir isso no silêncio, finjo que o não falar é para não incomodar o outro. Isso porque, pela minha inexperiência em me exprimir por mim mesma, sem os papéis que dão falas prontas, me embaraço no dizer. Me torno igual a qualquer outra aos olhos de um. A magia se perde na teimosia e os meios para se conseguir alguma percepção maior de existir, ficam mais individualizadas. Enquanto isso, aqui dentro pulsa uma vida que não sabe onde caber. Uma, que não posso chamar de inteiramente minha; me escapa às vezes. Não aprendi a frequência do regar das coisas dessa vida. Só tenho um olhar cuidadoso para com os acontecimentos dos dias, mas não sei mostrar no meu agir tanto cuidado. Me atrapalho e vejo a planta que morreu, o peixe que matou o outro e morreu em seguida. Por solidariedade eu morro também? Gente morre igual planta se não receber. E não é nada bom se alimentar de esperança; vai chegar alguém e te dar o que suas raízes estão sedentas de se nutrir?
Vê que tem uma folha seca nela? Insiste em se segurar. Se segura nela mesma. Não há mais nada que a ligue com o resto: os galhos perdidos, o tronco frágil, as raízes medrosas. Fé?
“No entanto o arco-íris não existe realmente, é apenas uma ilusão de óptica cuja posição aparente depende da posição do observador. Todas as gotas de chuva refratam e refletem a luz do sol da mesma forma, mas somente a luz de algumas delas chega ao olho do observador.”
Um comentário:
Não.. eu acho que na verdade mesmo, ninguém nunca vai nos trazer aquilo que a gente pede tanto, sem nem mesmo fazer soar um som... Oque penso é que isso que a gente tanto precisa e procura já vem com a gente.. mas com o passar dos anos, quanto mais a gente se deixar influenciar pela meio.. a gente vai perdendo mais dessa coisa. Quando eu era criança eu tinha tudo. Pouca coisa, simples gestos.. já eram suficientes. Porque era só oque eu sabia e precisava ter.
Acho que tudo que eu ganhei é que me fez desperceber a grandiosidade das coisas simples que eu sentia... das cores de arco-íris que eu sempre via.. e hoje raramente percebo.
Ainda hoje as nuvens permanecem..
Espero que as suas tenham se dissipdo!
Lindo texto!
Grande beijo.
Karen
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