Que merda que eu tô cansada de nada. Que merda que eu não tenho vontade de fazer nada. E que merda que nessa vida que a gente vive, nem trabalhar é o suficiente.
Tá tudo bem esquisito.
Prêmio bruto, prêmio emitido. Essas coisas não me sufocam mais sabia? Hoje, lendo coisas de 4, 5 anos atrás quando comecei a trabalhar na seguradora, fico me perguntando: se aceitei a condição de prostituta do sistema, me resignando ou se estou achando bom tudo isso, mas ainda não admiti? Essas coisas estão por aí zanzando na minha cabeça. Hoje não tem espaço pra poesia escondida no cotidiano. Nem ironia. Nem nada. Só vômito.
Eu olho essa merda de política que se faz nesse país, essa merda de arte, essa merda de esperança. E tô...enjoada? Não, eu não tô nada! Eu acho que estamos bem servidos. Lá "em cima" tá o "reflexo daqui debaixo". E que merda que eu tô fazendo no meio dessa zona? Uma formiguinha que trabalha pro GAP do mês ficar de acordo pros acionistas.
Essa merda de gente que a gente é, vive inventando que tem um projeto aqui, alguém sondando ali, uma proposta aqui, que a faculdade vai alavancar a gente mais ali na frente. Mas não tem merda nenhuma. A gente tá fracassado, inseguro, a gente nunca foi nada.
Talvez por ouvir muito meu pai, minha visão de política, até a adolescência tinha alguma "perspectiva" do que podia ser uma melhora. Mas, exatamente por ter vindo do meu pai, "o sonhadô lá da roça", a visão que construí de que era possível fazer alguma coisa, pela palavra e pela ação, era ingênua. E quem acreditava em coisa parecida ou fingia que acreditava (pra aparecer e ter um "palanque"), tá metido num escritório, numa gravata, cheirando, fazendo arte pra meia dúzia ver. Tô falando da época do grêmio, que eu ia em manifestação achando que era gente. Salve Mario Covas que enterrou a educação lá atrás, enquanto eu gastava a sola do meu tênis sem cadarço.
Leio alguns textos super "inspirados" na internet. De gente que nunca pisou na merda, que nunca teve uma porra de uma goteira dentro de casa, que não sabe o que é contar as moedas pra saber se vai dar pra comer o arroz e o feijão. Quanto mais saber o que é dificuldade. Aquele tipo de texto, que só chega em quem vê pobreza e falta de oportunidade feito bicho em zoológico. Quer saber como é, vê, tem dó e vai embora depois. Super comovido, super inspirado pra fazer uma doação, montar um esquete, colar cartazes. Aí o surto de consciência (hipocrisia) social, passa, porque o Jornal Nacional não foi lá ver a boa ação.
Sabe o que a gente quer? A gente quer ganhar dinheiro. Tá pouco se fodendo pra dificuldade alheia. Depois que a gente ganha meia dúzia de trocos, compra um carrão, uma casona num condomínio fechado (porque a gente quer privacidade). Tá ligando pra quem tá lá na merda ainda, feito você tava? Ah, tá bom!
Perdi e perco muito tempo com bobagem. Eu gastei meu tempo trabalhando pros outros, porque tinha e tenho que ganhar dinheiro pra ajudar em casa. Eu não estudei o que eu podia e posso estudar, porque eu sempre me achei insuficiente. Gastei dinheiro pra estudar pouco e ser limitada. Mas se eu sei de tudo isso, por que não fiz diferente? Quando entrei pra faculdade, tinha vergonha, vergonha sim, de falar que era Artes Cênicas. Que não tava estudando uma coisa mais "comum". "Porque poooobre, tem que ter alguma coisa que garanta que vai ganhar dinheiro primeiro, depois, se "dá" faz o que gosta ué".
"E agora inventou de não gostar mais?" Coisa estranha gente-eu. Talvez eu saiba fingir bem algum talento para algumas coisas, mas não tenha talento pra essa vida aqui. Nem pra de lá.
Não sei a resposta de nada. A merda mesmo, é que fico vendo gente da minha idade "bem sucedida" e fico tentando achar o que a coloca nessa condição. Me achei pequena demais? Complexo de inferioridade? Não fiz o que podia ter feito? E direito?
O que tá faltando é vergonha na minha cara. Porque da dos outros, não posso nem quero cobrar. Não tô nem aí pra nada mesmo. Perdão pela amolação com as palavras mal escritas sobre temas mal construídos. Em gente mal acabada feito eu, as coisas ficam meio assim...Sem direção.

4 comentários:
a última vez que conversamos vc tinha uma dor nas costas que me preocupou.
depois de vomitar sente-se como? mais leve? às vezes um precisa vomitar, o outro vê, se enjoa e vomita tbm, em sequencia! mas o meu vômito ninguém vê, nem sente o cheiro...pq quando a coisa aperta eu fujo pra longe, bem longe do que me faz mal. E, não adianta tomar cházinho, temos que ter coragem e isso vc tem de enfrentar tudo. eu sei. mais do que muita gente inspirada.
como sempre, a resposta ficou tao longa, que escrevi um post pra você.
tu és linda até em estilo "revolt".
beijos
Cuspiram em mim durante o último trabalho voluntário que fiz, ainda tendo que ouvir críticas ali (de quem era pago) sobre eu não acreditar em deus e fora dali diziam qu'eu era escravo de não-sei-o-quê.
Acho que a gente atinge nossos limites em cada área da vida em que tocamos, às vezes transcendendo eles e às vezes ficando de saco cheio.
Mas quando a gente reconhece o tamanho do absurdo em que estamos e somos, esse mesmo absurdo PEDE pra ser mantido; a manutenção do conflito.
Não tem essa de texto bem ou mal escrito. O que importa é ter sido sincero, é ser a SUA VERDADE, baby.
Cuide-se, viu!?
Melhoras, te amo.
bjs
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