sábado, 16 de agosto de 2008

Nome próprio

"Uma sensação horrível de ter jogado tudo fora tomou conta de mim de tal forma que só consigo pensar merda, que merda, MERDA"- Camila - "Nome próprio"


Desde quarta-feira, quando o assisti, fiquei querendo escrever sobre. Não sei se gostei, mas não deixei de pensar nele. Já disse para algumas pessoas que se alguns trechos fossem isolados, seria muito bom. Mas ainda não é isso.
A Camila, personagem que a Leandra Leal interpreta é uma blogueira que diz que vai escrever um livro. No meio de tanto dizer, bebe, fuma e fode com a vida dos outros pra c******. Censurei o segundo palavrão, porque ia ficar muito pesado.
Tentando escrever sobre o filme, queria relacionar com algumas coisas da minha vida, com algumas "coincidências". Mas não funcionou e desisti de duas ou três tentativas de uma escrita distanciada-aproximada.
Enquanto ela juntava umas páginas escritas, para "colar" no seu livro, uma pontinha de arrependimento me bateu. Logo que saí da faculdade, fiz uma faxina. A primeira das 357 que já fiz esse ano. Só que nesta eu não só limpei e joguei fora algumas coisas. Botei fogo. Queimei cadernos, cartas, diários da adolescência.
Eu escrevia muito e mais do que escrevo hoje. Escrevia sobre tudo e achava que ia ser escritora. Achei que ia ser desenhista. Cirurgiã. Revolucionária. Atriz.
Como hoje não sou nada e me *despossuí do pouco que tinha, não tenho problemas para falar abertamente sobre esses sentimentos que normalmente e antigamente eu esconderia. Escuto algumas poucas músicas no rádio, o pessoal pirando numas merdas que os caras cantam e penso: "Com 16 anos eu escrevia coisa muito melhor que isso". E não vou voltar no papo do que eu poderia ser e blá, blá, blá, porque essa conversa ficou resolvida lá nos primeiros textos do blog.
Não lembro de quantas casas a Camila-Leandra foi expulsa, mas me incomodou muito a inconsequência dela. Talvez por isso não tenha conseguido escrever aproximando o roteiro das minhas coisas. Não sou uma inconsequente, convenhamos. Acho que não sou.
O filme todo é da Leandra. Da Camila. Sei lá. Ou sei. Gostei da Leandra interpretando a inconsequentesinha. Mas acaba e chego a conclusão agora, que muita coisa que tá ali na tela poderia não ter estado lá. Ou eu estava com muita fome e não colaborei com a boa impressão que poderia ter tido dos 130 minutos de filme. Ou não ando sendo uma boa espectadora. Não sei como se avalia isso. Ou, talvez eu tenha que esperar para digerir um pouco mais as coisas que fiz, mesmo sem ser inconsequente e não tentar fazer paralelo nenhum com o filme.





*despossuído => palavra roubada do e-mail que Heidy me mandou.

Heidy, me perdoe por SEMPRE te ligar em ocasiões inconvenientes como agora há pouco.

3 comentários:

UtópicA disse...

quero ver esse filme. agora mais q nunca. ate pq to curiosa pra saber se era eu uma adolescente inconsequente ou nao. eu sempre preciso de referências e opinioes externas pq se depender da opiniao da minha mae, eu fui a destruição de adolescente em pessoa, rs.

vou ver se vejo semana q vem, quem sabe faço um post sobre... ou nao.

bjs

UtópicA disse...

ei eu acho q vc é revolucionaria e atriz... ou pra ser isso precisa ter documento de reconhecimento ou honra ao merito??!!

o lance de cirurgiã, é informaçao nova pra mim e eu tbm nao sabia q vc desenhava.

beijos

Flora Ramos disse...

Eu queimei meus diários de infância. Não gosto muito de lembrar disso. Queimei desenhos, também. Mas ainda me restam algumas coisas, boas até. E também escrevia e desenhava muito mais. Acho que é porque não tinha medo de ser boa ou ruim.