Eu não
E não é questão de me provar que não é mais assim.A questão é que o tempo passou.
Santos, onze de fevereiro de dois mil e onze
Entrada, túnel, bafo, bafo...aqui é Santos? Como assim? Em Santos é sempre noite e as luzes são antigas... Cadê as cinco mil pessoas?
Não. Essas perguntas não me vieram a mente. Essas perguntas estou fazendo agora para tentar escrever com boniteza.
Cheguei na praça Mauá, não tinha o palco. Tinha o chão, o suor e os atores. E não tem nada de romântico nisso. Do lado esquerdo, os dois bares, do lado direito o trilho.
A exaustão do dia do suor e dos debates que me fizeram combater o eu que inventei para me esconder do que sou e dos que queriam que eu só fosse eu, me derrubaram antes da meia noite. Do lado de fora da janela, a festa.
O despertar direto para a periferia. "Santos é um puteiro do caralho" diria o Otto. Eu diria que o mundo poderia ser, mas tem criança...elas acompanham a piada e o maracatu. O maracatu pulsou e me levou para Minas...lá onde não tem mágoa. Lá para onde Santos me levou ano passado. Lá para onde tentei ligar hoje. Lá para onde sei que tem uma alfaia batucando um pulso de busca.
À noite era brilhante. A noite era leve e suave e eu só tinha olhos para tudo. E tudo foi até às pedras cravadas no meio do alojamento. Sobre tudo foi falado e sobre tudo os olhos disseram. Era como se eu visse, ouvisse e sentisse meu próprio brilho de volta.
Esse é um relato sobre mim, com meias palavras, com um terço de palavras e com palavras inteiras.
E de tanto ser eu, no dia seguinte tive que ter comigo mesma, e só comigo enquanto a brisa entrava lá no alojamento das pessoas de Deus. E quarenta graus em torno e dentro de si faz qualquer um pensar em ter um experiência com Ele. Havia um dia e meio, eu fervia a mais de trezentos graus que me faziam sentir calafrios.
Mas não tinha muito mais o que ser dito. Na última manhã, com as mochilas como asas, a distância entre São Paulo e Santos não existia e era como se uma pequena ponte dividisse a chegada. Foi uma das únicas vezes que não doeu profundamente voltar para casa.
Ser deve ser isso.
O trem e o trilho, olham para frente. E eu vou com ele (re) abrindo os caminhos esquecidos dentro de mim.
Eu olho para trás sim. Mas não dói.
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