quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Sem cheiro de ferrugem. E Matilde também se dá conta, de que meu coração não pula mais ao ouvir sobre determinados assuntos. Por conta disso, resolveu me submeter a uma prova, depois que me vesti para ver o sol mostrar as caras hoje.Ela não me perdoa pelo fato de me ocupar de coisas assim ultimamente. Há uns 15 anos atrás, a Avenida Arquiteto Villa Nova Artigas, não tinha nem asfalto. Hoje, tem faróis, faixa de pedestres, muitos carros e pista para corrida e caminhada. Progresso para boi dormir enquanto o estádio é a promessa de que coisa maior um dia chega. Se a coisa maior for a conta pra pagar, não tem problema. No meio disso tudo, surge uma pracinha ali, um parquinho ali, pra gente saber que estão cuidando das nossas crianças. Enquanto os operários comemoram a abertura fictícia da Copa do Mundo, Matilde dirige no sentido oposto ao que sigo e atropela um cachorro. Sabendo que perdi duas noites de sono por causa de um cão, foi lá, impiedosa só para ver se eu ainda ia querer ver o por do sol. Na minha cara. Enburrecendo a galope, Matilde esqueceu de calcular a massa e a velocidade envolvidas na provocação. Matilde está perdendo seu peso força? O cão era de médio para grande, um vira latas simpático, bonachão, que por algum motivo, favoreceu Matilde atravessando a rua, oportunamente no mesmo momento em que a flácida recalcada acelerava seu Celta Classic recém roubado, em minha direção. O impacto, fez com que o pobre cão, desse uma volta no ar e caísse derrapando no meio fio. B-E-M- -N-A-M-I-N-H-A-F-R-E-N-T-E MATILDE? Coloquei a mão na boca. Ééééé...a mão na boca-estilo-interpretação-fake-de-novela. Perdi o ar. Visão turva-estilo-novela-mexicana enquanto o cão acidentado proveitaca o embalo do meio fio, atravessou a pista do lado oposto e ficou olhando para trás, no intuito de anotar a placa e ir até a 69º DP para fazer um Boletim de Ocorrência. Na mesma hora, outros vira latas avançaram e emitiam latidos vorazes contra os pneus do Corsa temporário de Matilde. Com quarenta quilometros por hora no velocimetro, virou a esquerda, na rua da feira de quinta. Parada, ainda, impotente como em todas as outras situações grandes, médias e pequenas de minha vida, vi que o cachorro simplesmente sentou em frente a loja bonita de roupas que esconte a feiura da favela. Sentou. S-E-N-T-O-U. Os outros cachorros foram lá lamber o pequeno ferimento que se abriu. E ele não se fez de rogado. Curtiu as lambidas de boca aberta, enquanto seres humanos mais generosos que Matilde, acariciavam o pobre diabo de quatro patas. Matilde voltou com um quilo de filé de merluza. Torceu o nariz ao saber que andei mais meia hora após ter vomitado de volta o sapo que fez ensopado para o almoço. E depois da minha digestão do acidente do final da tarde, esperarei ansiosa pelos espinhos servidos para o jantar
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