sábado, 7 de maio de 2016

Eu precisava descer aquela escada que vinha de lugar nenhum. Estava de maiô,acho.Nunca tive um maiô de verdade. Quando pequena e ia à praia, minha mãe colocava o colant do ballet.
Mentira. Devo ter tido um maiô, quando só tomava banho de rio.
Aí, começamos a ir à praia e odiava com todas as minhas forças aquele colant. E o balet. Também odiei a praia por um tempo.
A escada não parecia muito segura. E eu sentia muito medo a medida em que ia descendo.Como o medo que sinto das grandes alturas. Era um medo de altura ao contrário. Crianças subiam e desciam da escada e eu me agarrava com mais força ao corrimão, até que estagnei. Um menino pulou.
 "Agora você tem uma foto do seu salto". Senti mais pavor de ouvir isso,do que de correr antes de pular. Era a confirmação de que eu sempre estive sozinha, desde o início, desde o dia em que quebrei os copos na parede. Também fiz um bolo de chocolate.
Meu medo se resumia a entrar na água. Era uma água tão limpa, tão azul. Não era muito funda. E se eu estava ali, deveria entrar. Não tinha coragem de voltar e subir. Parecia que a escada ia desabar. Enfim, quando coloquei o pé na água, anoiteceu e uma porção de policiais vierarm pra me prender.
Espero que um dia me soltem.

Nenhum comentário: