segunda-feira, 26 de maio de 2008

GO SPEED GO!!!!!!

Aí tem uma hora que o Corredor X fala pro Speed Racer que quem tem que descobrir por que continuar correndo é ele mesmo. Lá no final, no Grand Prix, ele se lembra de todas as coisas que a família e os amigos disseram. Final feliz, ele corre que nem doido e vence a corrida. Filminho bom para distrair, bom passeio com a Julinha, até me emocionei, pois sim, estou assumindo minha breguice.


No meu caso, a fase de me perguntar porque continuar correndo, como já disse, passou e eu não corro mais. Não no sentido que eu estava correndo pelo menos. Sonhos desesperadores de que ainda estou em aula, brigando com a Marcella por causa de professores, ou tendo prova do Guerra, têm acontecido, com menos frequência é verdade, mas acontecem e devem fazer parte dessa coisa que estou vivendo agora.


Assim que tranquei a faculdade, (que assumi definitivamente que tinha trancado) comecei a reler "A Paixão segundo G.H."

Tem um porquê sim. Quando eu trabalhava na biblioteca, em 2001, a Néia, que estava passando por um momento difícil pegou esse livro para ler. Na verdade, ele a pegou. Ela lia com tanta delicadeza e cuidado, que ao escrever isso parece que estou vendo a dona pequena na minha frente passando com os dedinhos em cima das letras, me lendo em voz alta trechos com os olhos cheios d'agua. Havia vários exemplares dele, mas eu disse que só ia ler quando ela terminasse. Ai ela falou "Talvez ainda não seja a hora de você ler. Ele é um pouco complicado". Eu li e concordei. Não entendi absolutamente nada, mas sabia que era bom.

Ano passado, para a aula de encenação era G.H. e Kafka, "A Metamorfose". E a leitura perdeu o tom inicial de prazer e criação e ficou um pouco burocrática, para mim, pelo menos.

Eu sabia que algumas pessoas não estavam lendo o livro durante o processo (e ao final dele não mudou muita coisa) e por isso, acho que concluí minha leitura com certo ódio, cobrança excessiva, sei lá o quê. Sentimentos que não cabem de companheiros para esse livro. Acho que para nenhum.

Aí, um dia desses, saindo de casa para ir trabalhar, passei a mão nele e o levei comigo para passear. Era a hora de verdade e eu só soube quando terminei de ler. Tantas coisas, tantas, coisas, tantas coisas. Teria a Clarice comido cogumelos? Toda aquela história do Oriente Médio, aquelas visões e aquela mão sem rosto. "Dá-me tua mão!". Uma vez no curso técnico usei esse trecho para uma aula de voz. Só lembro que fiquei de costas e a professora disse: "Que cabelo lindo". Eu não lembrava que o trecho era do livro, só sabia que era da Clarice. E só sei da Clarice que gosto muito. e que G.H. é um livro a ser lido. em épocas diferentes. Cada vez que se abre ele, outra coisa diferentes te salta aos olhos; outra que não tinha saltado há cinco minutos atrás lendo o mesmo trecho



"E que eu tenha a grande coragem de resistir a tentação de inventar outra forma". página 15 Amém.


Agora estou lendo "As Meninas" da Lygia Fagundes Telles, um dos livros que "adquiri" na época da biblioteca, mas fugi dele. E não adianta fugir ? Uma hora te pega pelos dedinhos, olhos, nariz... Hoje li o que a irmã Clotilde disse para Lorena: "O estado de graça de uma alma está mais num estado de inconsciência do que em outra coisa. Gosto muito do pintor primitivo enquanto ele ainda não sabe que é primitivo". Aqui achei a ponta de uma camada a ser descoberta. Na página 149.


O que isso tem a ver com o Speed? Nada.


Boa noite.


"O mundo é seu. Você não é tão presa ao tempo como imagina. Faça uma conexão com uma árvore ou uma planta. É mais importante ser você mesma do que esconder coisas. As ferramentas do artista lhe dão uma chance de balançar e alterar as leis da natureza. Cortar e remoldar a fábrica de realidade." John Frusciante



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