"Três anos, 4 meses e 17 dias. O espanto da data acompanhou
as palavras que estavam vivas ali, letras impressas em sulfite...vieram do computador. Mas de um vivo e espanto que pulavam para acalmar o coração. Uma-e-trinta-e-sete-da-manhã. Pensei em devolver a caixa por correio "Não me servem mais essas palavras". Mas não só servem, como não queria que fossem embora...não era questão do simples desfazer. Quis tirar cópias e enviá-las, então...Mas sabia que ele tem os rascunhos. "Fingirei que morreu". Quase me convenci, mas não durou cinco minutos de consolo e pesames. Ri sozinha da imbecilidade que acabava de cogitar. A cabeça cedeu ao travesseiro e mandou embora os delírios. Bom é encarar. O que quer que seja. Perder."
"Uma arte"
Elizabeth Bishop
A arte de perder não tarda aprender;
tantas coisas parecem feitas com o molde
da perda que o perdê-las não traz desastre.
Perca algo a cada dia. Aceita o susto
de perder chaves, e a hora passada embalde.
A arte de perder não tarda aprender.
Pratica perder mais rápido mil coisas mais:
lugares, nomes, onde pensaste de férias
ir. Nenhuma perda trará desastre.
Perdi o relógio de minha mãe. A última,
ou a penúltima, de minhas casas queridas
foi-se. Não tarda aprender, a arte de perder.
Perdi duas cidades, eram deliciosas. E,
pior, alguns reinos que tive, dois rios, um
continente. Sinto sua falta, nenhum desastre.
- Mesmo perder-te a ti (a voz que ria, um ente
amado), mentir não posso. É evidente:
a arte de perder muito não tarda aprender,
embora a perda - escreva tudo! - lembre desastre.
9 comentários:
- Olá polly, em primeiro lugarr muito obrigada pelo comentário e volte sempre ...
Agora quanto ao seu texto ...
Nossa, está de parabéns!
Parece muito com uns momentos da minha vida que ando passando,essa coisa de acostumar a perder ainda não está adaptada ao meu dia a dia,sempre me julgo achando que podia ter sido diferente e que talvez se eu tivesse feito assim ou assado não teria perdido aquilo...
Tenho um ex-namorado que está em são paulo e ele me mandou umas cartas antes de terminarmos uns dias antes e quando as cartas chegaram tudo que eu imaginava era o quanto elas faziam sentido na época que foram escritas,e a minha maior vontade era devolve-las ...
Um abraço.
Báh
- Ah, perdoe-me não disse mas você já está lincada lá em meus lápis dispersos.
Beijos ;]
Ah, não disse mas você já está linkada em " meu lápis dispersos"
Beijos ;]
Lindo texto e eu li em boa hora.
anyway, thanks! :)
A arte de perder é uma das que ninguém domina...
Lembra desastre sim, e pra mim, é oque é..tem "significados" que eu nunca vou querer aprender como se perder. Depende do que se perde, eu acho...
Mas é triste...
Acrescentando...
Post LINDO!!!!
Ai...
Sim, certas perdas são mais do que necessárias! Mesmo que a gente não aceite!
Bjooooossssssss!!!!!
Olá Polly
Primeira vez no seu Blog..nem sei como cheguei aqui..só sei que fui lendo...lendo e a cada post eu tinha vontade de ler mais..parabéns!
Não sei lidar com perdas...será que é mesmo um exercício de aprendizagem??
beijos,linda
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