sábado, 13 de setembro de 2008

Até o que eu não quero

Espera do ginecologista. Sentada, comecei a ler porque imaginei que ia demorar mesmo então teria tempo para fazer um cachecol se quisesse. Não conseguia me concentrar, porque a menina pentelha não parava de falar, a TV de plasma (?) queria competir com a criança e a falta de educação de uma funcionária do consultório ainda ressoava em mim. Falei bom dia e a vaca velha com voz rasgada de fumante, que só pude ouvir depois, não respondeu ao meu cumprimento. A secretária sim me disse bom dia. Alguém deve comê-la bem, pensei.
Odeio ginecologista. Outro dia, bêbada, até ressaltei algumas vantagens de se ir ao especialista, mas todas de ordem puramente recomendáveis pela OMS. Que outra vantagem de tem de. ..Deixa... Não vou descer o nível por agora. O teor alcoólico não permite...
Fiquei meio sem jeito de sentar nas últimas poltronas da sala de espera. Todas as mulheres estavam mais ou menos perto umas das outras e achei que seria meio indelicado me isolar. Não sou um exemplo de delicadeza feminina, mas o espírito ginecológico baixou em mim. O frio do ar condicionado também. Inventei de fazer a social e sentei de frente para o maldito que se localizava bem em cima da réplica de algum pintor famoso. A moça dançando balé. Eu congelando. Na Paulista, uns 33,4ºC.
Na minha frente, uma grávida com uma barriga assustadora; fiquei com medo dela explodir e a criança sair andando.
Do outro lado, a menininha de uns 5 anos com a mãe e a avó.
“-Mãe, vó, eu quero ser bonita igual essa, essas, essa...”
“-Mas você é linda filha!”
“-Mas outro dia você viu ela na TV e falou que ela era linda...”


Na criminosa revista na mão da menina, milhares de coisas que ela queria comprar, além do ideal da moça que ela queria ser.

Saí do consultório, meio satisfeita, meio incomodada. Queria ter falado mais coisas ao ginecologista. Mas ele não quis saber, entende? Estava com pressa, tinha um jeitão de Gepeto em linha de produção. Sabia que tudo que ele me prescreveu era muito correto, afinal já fiz esses tratamentinhos de mulher umas centenas de vezes. Também sabia que havia milhares de grávidas com seus filhos por nascer, que estavam ali na sala de espera ouvindo a vaca velha bater o tamanco toc toc...por esse motivo eu não era tão importante. Sim, eu tive uma pontinha de inveja das moças que estavam recebendo mais atenção por conta de suas panças volumosas.
Quando fechei a porta, a menininha saiu da sala ao lado, o consultório do pediatra, toda saltitante porque não tinha tomado injeção. Eu também não tinha tomado. Mas ela usava umas anteninhas roxas, com duas borboletas nas pontas. Já tinha esquecido da moça da revista. Eu não consegui esquecer de nada.

9 comentários:

Nucleo Pavanelli disse...

Até que enfim visitei aqui!

Que dia...
que humor..
que velocidade de fatos
que ação de escrita interessante
parecia até uma crônica
que gostei!

Bill Falcão disse...

"Espírito ginecológico"? KKKKKKKK!!
Ótima a sua descrição de uma visita ao médico, Polly!!
Ri um bocado aqui! Quero republicar futuramente no Jornal da Lua. Posso?
Com os devidos créditos, claro!
A gente conversa depois que eu voltar do Rio, combinado? Deixei post explicando tudo!
Bjoooooooooooo!!!!!!!!!

Unknown disse...

toda vez que vejo uma grávida penso que se eu encostar um dedo na barriga, vai estourar, sair um monte de água e um bebê escorregando..

William Pepe disse...

Gostei hein....
Vai sempre ter o meu recadinho pra aki.
Se cuidaaa.
Bjinhoss Lilote

Dani Pedroza disse...

Eu de-tes-to ir ao ginecologista... Ohhhhh !!! Que coisa incomum... rs... Está certo, sei que não sou só eu. Aliás, felizmente, assim me sinto menos ridícula.

Pior que ginecologista, é sala de espera de ginecologista. Caras de caneca mescladas a cara de sádica da atendente... rs.

Mudando de assunto (sempre faço isso), li seu comentário e vim responder. Quando li o nome de seu outro blog, que música eu estava justamente ouvindo? Pedra, flor e espinho.

A vida tem mesmo umas coisas estranhas... Medooooo !!! rs

Bjin

Kaká Bullon disse...

Óteemos relatos do que é ir ao ginecologista! Hahaha

Percebo uma leve pontada de inveja ao relatar que a gorotinha ganhou as anteninhas roxas e vc não.. kkk


Adorei mulher!

E eu fujo de todas essas coisas dedicadas às mulheres(bichadas ou não): gine, cabelereiro (alguém me explica que graça que tem??) esteticista, provador de roupas.. odeeeeio rsrsrs

Sou normal??? o.O

Anônimo disse...

Já sei que visitas ao ginecologista podem ser bem reflexivas hein?! rsrs

Cláudia I, Vetter disse...

Vivenciei o mesmo que você. e por hora, conheço o desagradável.

melhoras; horas como cápsulas pra esquecer.

bom final de semana.

;***

Mari disse...

Oi,linda

Ótimo texto..parece mesmo uma crônica!E das boas...
Nunca fui a uma ginecolista,pois não tenho material para isso..rs
Mas,já fui muito em dentista e posso falar sem medo de errar:há sala de espera pior?Parece gado indo pro corte!!!

Beijos

Vou te linkar,viu?