
[...] fazer uma experiência com algo significa que algo nos acontece, nos alcança; que se apodera de nós, que nos tomba e nos transforma. Quando falamos em “fazer” uma experiência, isso não significa precisamente que nós a façamos acontecer, “fazer” significa aqui: sofrer, padecer, tomar o que nos alcança receptivamente, aceitar, à medida que nos submetemos a algo. Fazer uma experiência quer dizer, portanto, deixar-nos abordar em nós próprios pelo que nos interpela, entrando e submetendo-nos a isso. Podemos ser assim transformados por tais experiências, de um dia para o outro ou no transcurso do tempo.
Heidegger
Disciplina é um processo de ampliação da auto-consciência, que também pode ser lida como "DeSiPleno", pleno de si, plenitude da escolha que se faz por si mesmo, livre de paradigmas limitantes e de modelos de mundo herdados que dificultam o ser e o estar na prática.
Dulce Magalhães
bom dia. como passa o mundo? vim aqui saber como está, como estão. às vezes é tão distante esse relação não é? sei que pelos menos uns trinta passam por aqui...em dois dias...numa semana, uns 50? Ah não sei.
queria dizer...queria não, quero... ah, uma vez fui fazer um pedido numa pizzaria, e disse "queria fazer um pedido" a menina respondeu "ah queria, não quer mais?". fiquei meio chocada e disse "Como e´que é?" .ela, muito "macha", não repetiu a pergunta. fiz o pedido, porque quero e não porque queria.
bem, quero dizer que vim aqui para isso mesmo. saber como vão, como vai o dia, o mundo. minha cabeça está cheia de coisas. tirando o fato dela ter um tamanho considerável e caber muitas, ela está cheia porque sobrecarreguei. essa semana foi cheia mesmo. a melhor coisa que fiz foi perder o celular, (na semana retrasada) pois mesmo assim estive cheia de gente falando no meu ouvido. Estive cheia de coisas para ler que não entendo, de gente para conviver que entendo menos que os livros para ler; cheia das poucas horas para dormir e da madrugada para acordar. cheia de madrugação. e aí como essas coisas me tomaram por aí, vim aqui mesmo para esvaziar .
isso é um pouco triste, acho. porque as pessoas que gosto também estão cansadas, mas não querem esvaziar. querem ficar por aí, fazendo mais coisas ou deixando que a TV faça por elas. tem gente que gosto muito e que não quer conversar. tem gente que gosto mais ainda e que não precisa conversar comigo, não por agora. não quer esvaziar comigo. tem gente que me quer, mas não é para esvaziar. é para encher. para me encher. então, não adoro.
não é tão triste isso, mais uma aprendizagem. mas tenho que dizer aos moços que não me procurem, por exemplo. sempre gostei muito deles, mas não sei se pelo tempo sozinha ou pelo tempo que passei com um outro moço, tenho a impressão de que os moços outros andam meio confusos. namorando com outras moças e me procurando. isso é constrangedor. para mim. para eles não, porque se fosse, não me procurariam. os moços que não tem outras moças e também me procuram, em geral não são muito bom das ideias. esvaziaram tanto por aí que ficaram ocos. ou já nasceram assim. à esses não preciso dizer que não me procurem. eles somem ao sentir o primeiro sinal de vida. sabe como é isso? é...constrangedor também. quanto às moças, não digo para que não me procurem. elas sabem que gosto de moços, apesar deles não serem mais tão gostáveis.
sabe de outra coisa que quero dizer? me dei conta, indo trabalhar essa semana, que não me importo mais de morar numa cidade igual a essa aqui. cheia de carros e de gente se empurrando. poluída. faz uma ideia do que é isso? isso, antes, era um assunto diário, uma inquietação, um impulso para fugir. hoje não. tem cada vez mais gente na rua, em todos os horários, em todos os ônibus, gente comprando, gente fumando....não é que estou apática, entende? É que me acostumei ou que olho isso de outro jeito, talvez. isso também é apatia? será? você consegue me responder?
tem outra coisa. não estou profundamente apaixonada por nada. isso tem sido ótimo. e digo isso para você, porque é o seguinte: achei...achei não, estive num estado de enamoramento por certas coisas e pessoas que me tomaram nos últimos anos. vivi os extremos com isso. o querer absoluto, acima de todas as outras e outras e outras coisas e vivi a repulsa. a repulsa do que me enamorava e de das outras e outras e outras coisas também. mesmo vivendo a repulsa , não conseguia sair do círculo. o círculo é um vício, as alianças são um vício. não terminam. ninguém sabe quando começa e nem quando acaba. mas aí algo se rompeu.
hoje estou aqui dizendo que algo se rompeu. e que hoje e aqui, sinto a dor de estar viva nesse mundo, mas é a dor de estar viva e não de sentir pena de mim. sabe? não quero demais nada, absolutamente. só esvaziar e preencher. esvaziar e preencher. passar por isso que é ouvir, experenciar o que ouvi e só depois responder. esqueceu como é também? não foi só você. sei como as coisas andam funcionando por aí. É tudo muito atribulado e acham que isso é paixão. eu também achava.
pode ser isso mesmo, mas estou reinventando meus significados, onde querer e estar são sinônimos. eu estou você. você(s) sabe(m) o que é outridade?
4 comentários:
Você fica lendo Heidegger e caras parecidos e depois entra nessa aí de pensar e pensar e pensar...
De tal forma que a garota da pizzaria chama a sua atenção e também a minha... Eu queria te dizer que... Mas, queria e não quero mais?
Gosto de Schopenhauer, mesmo com todo aquele pessimismo: "Viver é querer, querer é sofrer. Então a vida é essencialmente dor".
Gostaria, como dizia Woody Allen, de ser outra pessoa. No mais, tá tudo bem!
Bjooooooooooo, minha Polly flor!
acontece esses momentos na vida da gente... antes eu sentia exatamente isso, que não tinha paixão por nada, não queria demais nada. acho que eu comecei do contrário, pela apatia e por toda uma vida foi assim, enchendo e esvaziando. mas a um tempo atrás eu inventei de querer algo que um monte de gente acha que eu não posso querer... e aí que me ocorreu que isso só pode ser um estado de apatia geral. mas de pessoas que não sabem esvaziar e preencher.. só esvaziar.
meu pai disse que "outridade" é uma idade nova.. =P
eu acho que depende do ponto de vista...
adorei o título do Blog e o post também... parabéns!!!
é com você, seu e para você..!
"mutatis mutandis"
mudar o que for necessário (só o que for necessário)
Postar um comentário