quinta-feira, 9 de abril de 2009

Textículo sobre coisa nenhuma

"Não, talvez não seja isso. As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não tomo cuidado será tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito. Ou, pelo menos, não era apenas isso. Meu enleio vem de que um tapete é feito de tantos fios que não posso me resignar a seguir um fio só; meu enredamento vem de que uma história é feita de muitas histórias. E nem todas posso contar — uma palavra mais verdadeira poderia de eco em eco fazer desabar pelo despenhadeiro as minhas altas geleiras." Os desastres de Sofia - Clarice, a Lispector



Segredo é não querer. Não quero não quero, não quero, não quero. Tá lá. Feito.
O segredo do que não quis é que no fundo queria e as coisas não queridas seguem os pés do não querer. Quando o querer vira querer do querer, o outro querer não quer mais. E aí quero, fico querendo, queria...uma pizza? Não. Eu quero, eu quero, eu quero. Não está lá. O vazio.
Mistério e piolhos invadem a cabeça dessa criança aqui. Era só me deixarem ali com as três bolinhas e o ursinho de plástico. Mas me acertaram pelas costas, com água e não era uma cortina dela. Era uma pedra d'agua. Não quero essa porra, toma de volta. E ficou tudo ali, implodindo. Segredo é o silêncio e mistério é olhar os piolhos no fundo dos olhos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Cada querer é um segredo, que de uma hora pra outra pode tornar-se uma pedra d'água ou uma secura absurda. Acho que cada um é que escolhe.

Anônimo disse...

Pra mim o silêncio ainda é o cansaço nas entrelinhas.

Bill Falcão disse...

Segredo é não querer? OK, mas agora tô ouvindo 'I wanna a rock'n'roll guitar' e não resisto!
Bjoooooo!!!!!!!!!