domingo, 23 de maio de 2010

Santos, por volta das 3 da manhã

O ouvido ouve o abafado do tempo como num túnel descendo a serra. O ar da mata é abafado pelo concreto. A velocidade do pensanmento não importa: é tudo repetição. Repetição interna buscando entendimento. Hermética, hermética. A brisa traz um bafo sem cheiro e pesado. Peso de coisa vindo, que não se sabe o que é. A coisa vem, escapando do que um metro de meio fio para a esquerda poderia impedir, salvar. O rumo muda e o meio fio vira precipício. Quem entende? Quem explica. Quem está dentro quer sentir, quem está fora quer ver, mas não tem como interpretar, não tem como saber. Era um abraço num bloco de concreto. Quebra ele, quebra ele! Não, não quebra. O que vem não é querer. É um lembrar que um dia a água escorreu e lamento porque hoje não escorre mais de dentro. Por nada. Não sangra. Corta, perfura, nada acontece. O que houve? Nem dói.
Não doi! Um grito sai pra tentar torcer uma gota de água escondida. Aí veio. Eu quis o mar então.
Corri na areia pra escorrer junto das ondas. Para ter a impressão de que eu transbordava de verdade. Mas não transbordava. Dei um riso leve pro único ponto luminoso no céu que me olhava. Sei que você tá ai vendo a minha imensidão vazia invejando essa imensidaão escura e silenciosa na frente. O barulho do mar era silêncio ensurdecedor. O oco aqui dentro era desesperador. Dentro o silênio pesava e minha boca se fechou como que no esforço sub humano para tentar entender. Acabou então. É isso. O fim ultrapassou o próprio fim e não consegui nem encarar o vazio dos olhos do outro lado. E o ouvido se virou para dentro.

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A mesma música do dia 14 de Julho de 2009

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