sábado, 7 de agosto de 2010

Darei um pouco para Matilde do que não se dá à ninguém

... por isso deixo o ar ir me levando

Os ataques e desabafos prematuramente causados pela falta de comunicação são tão potentes, que encerram ciclos intermináveis.

Devia ser dura a época em que as cartas dependiam de cavalos e carruagens para chegar a seus destinos.
As operadoras de celular são responsáveis pelos desencontros e esperas da atualidade. O sapatinho de cristal é o celular?

Matilde faz uso de short message service para dizer que aconteceu algo muito ruim e que “a gente se encontra outro dia”. Cria aquela barreira que sempre reclama ter nos outros e em mim. É difícil de lidar. E fica até trágico ler as coisas duras que ela escreve quando acha que estou fazendo tudo errado. Ela fica sem credibilidade. Nenhuma.
Desabafo e ataque. O contexto às vezes é o mesmo, não? O desabafo vai destinado à pessoa que ela no fundo quer atacar. Então, por que Matilde não ataca?! Alguém pode pedir, por favor, para que Matilde não finja que é outra coisa só porque fica bonito fazer aquelas olhinhos sofridos e clarinhos que só ela sabe fazer? Fica engraçado também. E cômico. Mas não resolve o problema dela. Nem o meu.
Sei que ela gosta do que escrevo e concordo quando ela quando diz que racionalizo muito bem as coisas. Até eu me espanto com minha capacidade e tomei consciência de que se sou esse fracasso aqui que ela gosta de apontar o dedo, é porque não assumo e não sei usar minhas qualidades.
Mas tem uma coisa que não concordo. Tanto quando ela desabafa ou quando ataca. Veja o paradoxo: não se estimula troca com inundação. Quando se abrem as comportas de uma barragem, algum rio consegue fluir e seguir o sentido contrário, ou deixar alguma outra coisa navegar no sentido oposto? É assim quando Matilde começa a falar. A água invade tudo. Não há troca possível. Nem como navegar do lado dela.

- Hoje eu levei o cachorro para passear, fiz compras e depois de pagar as contas no banco encontrei a Lurdes e ela me chamou pra fazer umas fotos. E você como ta?
- Ah, eu não to muit...
- Sabe o que eu tava pensando? Que poderia comprar uma máquina nova, mas ao invés disso também pensei que seria melhor fazer uma viagem longa, porque uma máquina profissional pode ser muito cara. O que você acha?
- eu compraria a...
- O que você vai fazer hoje? Tava querendo ir naquele restaurante e...

Fico pensando naquela coisa que dizem, de que quando a gente critica muito uma coisa em alguém, é porque no fundo é uma questão em nós mesmos que nos incomoda, refletida ali nas atitudes do outro. Ao mesmo tempo, paro logo de pensar nisso, porque é um circulo vicioso sem solução e tenho preguiça de muita psicologia nas relações. Sei que ela gosta. E é por isso que tô citando isso. É uma chatice querer ser intelectual nos relacionamentos amorosos, familiares, nos relacionamentos de “brother”, sabe? Um saco. Alguém fala isso para a Matilde? E falem também que é para ela pensar nisso quando for se aproximar de alguém. Mas de alguém na vida real tá? Porque tem outra importante: a vida real não é cheia de paparicos quanto a virtual. Às vezes parece que as pessoas se importam com ela, a Matilde. Parece mesmo. Principalmente quando vejo todos aqueles recados nas redes sociais. Desse ponto de vista, realmente, não me importo com ela. E do ponto de vista da vida real, tão fora de moda, também não! Parece que pouco me importo, porque há sim o descompasso que ela cita e gosta de frisar. O descompasso de sempre, de ela querer, querer, querer e... puf! O desabafo e o ataque.
Isso acontece. Acontece muito. Com quem não aceita ouvir não, com quem tem muita expectativa, que quer que tudo aconteça de acordo com o planejado. O outro é sempre intransponível. Peçam para Matilde aceitar? Nunca tive um plano. Não consigo pegar as rédeas do que não é meu. É a vida que toma a minha direção nessas horas, lembra?

Por fim, espero mesmo que dessa vez, as conclusões que Matilde diz ter ter chegado, sejam definitivas. Ela, que tanto gosta de certezas, apesar do efêmero da profissão que escolheu. Não sou tão egoísta quanto parece, mas aprendi que não tem nada de errado em pensar um pouco em mim antes de qualquer coisa. E se ela relutou tanto em perceber as coisas, é porque o tempo todo estava pensando nela e só nela.

Egoísta a Matilde também. Foi essa a ficha que ela disse que caiu?


Matilde, agradeça à TIM, pelo fim desse martírio de 3 anos!

Um comentário:

Kaká Bullon disse...

Já faz tempo que não te leio... Já faz tempo que não leio nada. Que não absorvo e nem externo coisa alguma.

Mas aí está com vc, com um texto ali embaixo que consegue dizer muito sobre algo que vivo agora. E com esses comentários aqui que só reforçam as impressões que eu já tinha, de que vc sempre sabe como racionalizar oq, até eu, sinto no momento...

Muito boa com palavras como sempre.

Bjos flor