segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pra quem tá vendo da arquibancada. E pra quem não tá

Outro dia vi a entrevista que o Geraldo Vandré deu pro Geneton Moares Neto. Fiquei numa mistura de pena, de medo e de susto. Dá pra saber como o cara chegou naquele estado, claro. Mas o mais triste é que ele, mesmo confuso e com aparência insana, tá certo em um monte de coisas. "Não tem nada mais inútil que ser advogado num país sem lei". Eu diria mais; que não tem nada mais inútil que ser artista num país sem cultura, que ser professor num país sem princípios, que ser político num país sem escrúpulos. Inútil ponderar num país de preconceituosos e ignorantes. A eleição é só uma parte do nosso sistema democrático e tem gente que já cansou, acha que tem nego falando demais no assunto. Entendo esse lado. Mas do outro, mesmo descrente, acho bonito ver quem ainda tem esperança, dentre eles, muitos amigos meus. Então eu vou querer que o melhor aconteça sim, porque é do lugar onde a gente vive e do nosso dinheiro que estamos falando. E nesse momento a internet é uma ferramenta importante para se manifestar, para cobrar e investigar. Não é só pra você ficar postando se entrou ou saiu do banho. E tão importante quanto acompanhar o que a dona Dilma vai fazer, é ficar na cola dos deputados e senadores que você elegeu. A internet tá aqui pra isso também. Inclusive, tá rolando por aí um video que tem indignado alguns conhecidos: do FHC e do Lula indo esperar o Serra no aeroporto depois que este saiu do exílio. Ora, desde quando, adversário político tem que necessariamente ser inimigo na vida particular? Ainda mais tratando-se de figuras como essas que tem suas trajetórias se cruzando ao longo da nossa história política. Procurem também o video do velório da Dona Rute (mulher de FHC). Lá estava o Lula também. O que há e errado nisso? É claro que tem uma centena de outras coisas ruins e aspectos negativos dessa "mistura" dos lados. O povo não entende a maioria delas. Mas o meu sonho é que a gente consiga se aproximar com lucidez do momento que estamos vivendo: tomamos conhecimento de coisas que em anos como os da ditadura, jamais seriam possíveis de termos contato; que a partir disso cada um pense seu papel, se vai ou não vai agir e como vai ou não vai. E que independente das posições, que ambas se respeitem. O Geraldo Vandré, agora, faz música para as forças armadas. Ele respeita e até exalta um lado da história que muito militante abomina e que, pelo menos até onde nos consta, o fez ficar na situação em que está agora. Há de se entender e respeitar então, que esse compositor que virou ícone de uma época, talvez não estivesse querendo virar exemplo de nada. Só cantar. Um direito dele. O ser político está ligado à verdade e as mudanças que nos propomos e queremos fazer. Isso deve estar além e acima da cor do seu partido político. É quase bobo dizer, mas isso começa dentro de casa. A gente escolhe o que vai sair de dentro dela.

2 comentários:

Bill Falcão disse...

Já fiz comentário lá no Facebook, Polly. Aqui, vim ver o complemento. Vandré é um dos maiores mistérios da MPB na era da ditadura. Ele mesmo foge do assunto a todo momento. Uma pena que seja assim. Era um grande artista. Basta ouvir suas músicas.
Bjoo!!

Um brasileiro disse...

oi. tudo blz? estive aqui. você tem razão. era um periodo diferente um pouyco do que hoje é. apareça por lá. abraços.