sábado, 5 de novembro de 2011

Amor se vê com os olhos?

Matilde fez contorcionismo, piruetas, cambalhotas e cuspiu fogo. Se exibia para Andre. Achava-o lindo. Quando o reencontrou, estava com o cabelo cortadinho, ao contrário da cabeleira vasta de quando se conheceram na Rua dos Trilhos. Lindo! Andre fazia escova no cabelo quando ia tocar. Era guitarrista. Mas isso foi antes de Matilde se apaixonar por ele. Andre, Andre. Por que abandonou a guitarra Andre?
Andre foi um dos 358 homens que se recusou a pular com MAtilde. Mas foi o único pelo qual ela diz que se apaixonou.
Só queria saber da latinha de Itaipava que ficava numa mão. O coração de Matilde na outra.

Era amor?

Foram à praia num dia frio. Quando começou a escurecer, Matilde olhou para o lado e não viu mais Andre. Nem sentiu mais o cheiro do álcool e do cigarro. Viu que a areia tinha virado barro vermelho e uma pequena subida a revelaria um pasto gigante e verde. E o que pareciam ovelhas ao longe, eram lindos cavalhos brancos. Do lado esquerdo do pasto, uma plantação de girassóis, semi devorada. Deduziu que fora pelos cavalos.

Agora quem fazia piruetas e contorcionismos era Andre; outras coisas ocupariam os olhos e ela precisava de espaço.

Sai da frente Andre!

Matilde ainda não havia percebido, mas já não suportava mais nicotina e cevada. Andre exalava as duas coisas e junto com um insuportável cheiro de insegurança e coisa mal resolvida com o pai. A mãe não gostava de Matilde. Nem de ninguém que morasse há mais 38 quilômetros do centro.

No meio do pasto, uma trupe corria, girava e gargalhava. Matilde se juntou a eles colheu girassóis. Óleo e sementes a fariam forte durante a viagem.

Foi uma das únicas coisas bonitas que Matilde fez na vida.

E Andre nem era tão bonito assim. E a falta de acento em seu nome, denunciava muitas outras faltas...

Nenhum comentário: