quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Avenida Doutor Arnaldo, 17:43 do dia Treze de Novembro. Chuva. Transito insistentemente parado.

Mas sabia que assim como a primavera, haveria outras chuvas. Fortes ou silenciosas, haveria. 
Já do amor, não. Esse e outros demônios, sabia que não tinha hora certa. E nessa hora, haverá quem diga que a água, assim como o amor, não tem hora certa para desaparecer e nunca mais surgir. Podemos viver e de fato estamos vivendo um grande momento de estiagem. 
E por outro lado, há os que sabem que já estamos bem avançados, pelo menos no que diz respeito aos cálculos e sendo a natureza cíclica, sabemos que projeções estão aí para prever estiagens e dilúvios. Não estamos mais tão à mercê de um deus mal do velho testamento, cheio de pestes na manga pronto para nos punir por uma inocente maça! Podemos prever estiagens com alguns anos de antecedência, para daí tomarmos as devidas precauções. Porém responsabilidade não cai do céu e como no geral estamos desconectados das coisas naturais, ficamos reféns da escassez. Há os que dizem que estão de malas prontas para ir de encontro a outras terras de onde jorre água boa, sem cloro morto da SABESP. 
E o amor que não vem pelos canos, nem entra pelas torneiras? Esse que não vemos mais nas esquinas? Que não cansamos de pixar em nossos muros que não existe mais em nossa cidade? Haverá um outro lugar, longe daqui, onde o amor jorre puro e comum para quem quer que queira pegá-lo? Como faremos para prever quantos mililitros de amor, caíra do céu para preencher nossos reservatórios sem fundo e carentes de transbordamento? E quando transbordar, será possível projetar por quanto tempo podemos nos banhar e matar nossa sede? Poderemos recorrer à ajuda Federal, caso os níveis não subam até o final do verão? Confiaremos que assim como a primavera, o amor também haverá... sempre?





"Mas sabíamos que haveria sempre outra primavera, assim como sabíamos que o rio fluiria de novo depois de ter estado congelado. Quando as chuvas frias continuavam durante longo tempo e acabavam matando a primavera, era como se um jovem tivesse morrido à toa. Naqueles dias, porém, a primavera sempre triunfava, mas dava-nos um frio na espinha pensar que faltara pouco para que ela tivesse falhado."

Hemingway, "Paris é uma festa"

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