quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Ninguém escreve ao Coronel, ninguém escreve ao Coronel, ninguém escreve ao Coronel.
A vida é curta, Aurel! Ou seria Manuel? Não lembro, só sei que aquele livro cheio de água diz que a vida é curta, enquanto no outro, aquele outro lá, todo árido, ninguém escreve. O Coronel espera e a galin... ou era galo? Não lembro. Só sei que esperava também,. Galos e galinhas esperam enquanto ciscam. Esperam que ali no cisco encontre seu banquete. De cisco em cisco galos e galinhas esperam como o Coronel, que não sabe, assim como Aurel (ou Manuel?) que a vida é curta. Os escritores colocam sempre as vozes femininas para dizer aos coronéis e Auréis, que além da vida ser curta eles também podem ser outros. Quem sabem Manoéis.

- Coronel Manoel, o senhor conhece algum sujeito chamado Aurel?
- Sim, General. Conheci há algum anos. Mas faz tanto tempo que não o vejo, que me esqueci dele.
- Não se lembra nada dele?
- Pouca coisa. Ele sempre dizia que ouvia uma voz lembrando ele de alguma coisa sobre a vida.
- Sabe alguma coisa sobre ele ter uma galinha? Ou uma galo?
- Não. Só sei que ele sumiu pra se livrar da voz.
- Ok, obrigada pelos esclarecimentos. Aproveito para avisar que chegou uma carta para o senhor. Como estamos num momento delicado, tive que abri-la por questões de segurança.
- Certo, General. E do que se trata a carta?
- Antes do assunto, o senhor precisa passar no gabinete do Marechal e protocolar um pedido para ler o conteúdo da carta. Nesse meio tempo, investigaremos se ela foi escrita para o senhor mesmo, se há alguma espécie de mensagem subliminar ou conteúdo perigoso para nossa segurança.

O Coronel bateu continência e saiu da sala do general. Segurava no bolso um papelzinho amassado de conteúdo desconhecido até o momento.

Onde está a voz feminina deste texto?

Nenhum comentário: