domingo, 3 de maio de 2015

Não conte para ninguém

Era um cubículo de um por um, no máximo. Sem muito motivo aparente, ela estava sem roupa. Tentava colocar alguma coisa para fora de seu corpo, fazendo movimentos parecidos com os de uma minhoca. Talvez alguma emoção. Sabia que ele chegaria, mas não queria que a visse nua. Era tarde. Quando ele chegou, tentaram alguma proximidade. A emoção parou no que parecia ser uma parede invisível entre os dois. Saíram do cubículo para experimentar se com mais ar alguma coisa se superava. Do lado de fora, conseguiram ficar mais fortes. Porém, homens aos pares, engravatados, os observavam. Alguns fingiam ignorar, mas estavam ali para garantir que nada acontecesse entre os dois. Ele deu uma desculpa, esfarrapada como todas as outras e disse que tinha que ir. No fundo sabia que não tinha disposição para enfrentar tanto julgamento. Quando ele se foi, todos os outros homens desapareceram como mágica. Ela ficou sozinha, nua, com a estranha sensação de abandono, mas também de que no fundo. estava melhor melhor dentro do cubículo esperando o que não iria acontecer.

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